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Esta é uma antiga questão, que tem sido renovada de tempos em tempos, e que se tornou famosa em nossos dias, a saber, se é apropriado que os solitários se dediquem aos estudos. Comumente entendemos por este termo "estudos" certos exercícios comuns e regulados, que são feitos para aprender as ciências, tais como são hoje os cursos de filosofia, teologia, e outros semelhantes, cujo conhecimento é conveniente ou necessário para os eclesiásticos.
Portanto, não se trata aqui da leitura ou da aplicação particular a certos assuntos que se relacionam com o estado monástico: pois ninguém ainda se aventurou a reprovar nos solitários esses tipos de ocupações, que são recomendadas a eles em todas as regras, tanto antigas quanto modernas.
Não é que ainda não haja dificuldade na extensão que se pode dar à matéria que faz o assunto desta aplicação particular: alguns pretendem que ela deve ser unicamente confinada nas escrituras sagradas, ou em tudo, ou mesmo em parte, e nos livros que tratam das coisas monásticas e ascéticas: e outros querendo, pelo contrário, que esta aplicação se estenda ao conhecimento de todas as ciências, que podem ser adequadas para os eclesiásticos.
Encontra-se quase menos dificuldade no fim que os solitários podem ou devem se propor na busca desses conhecimentos: pois uns são de opinião que eles não podem ter outros senão sua própria instrução, e sua perfeição particular: os outros, pelo contrário, estimam que eles podem relacionar esses conhecimentos à própria instrução do próximo, para serem empregados quando os superiores e os pastores da igreja julgarem apropriado.
Todas estas dificuldades juntas nos mostram que é necessário examinar bem esta matéria dos estudos, uma vez que, por um lado, ela é muito importante, e que, por outro, ela encerra tantas dificuldades. É isso que me levou a tratar deste assunto, depois de ter sido solicitado várias vezes, não só por aqueles que têm o direito de exigir de mim, mas também por vários dos meus amigos, que acreditavam que esta matéria, não tendo sido ainda suficientemente esclarecida, era importante examiná-la a fundo.
Sei bem que nem todos terão o mesmo julgamento, e que há certos espíritos delicados que imaginam que o público não deve ter nenhum interesse em tudo o que leva em título o nome de monges ou coisas monásticas, a menos que contenha a crítica ou a sátira. Mas nem todo mundo é tão difícil, e as pessoas equitativas julgam, pelo contrário, que se pode trabalhar utilmente para esclarecer o que diz respeito ao estado monástico, depois que o mais eloquente dos pais gregos, entre outros, empreendeu tão generosamente a defesa. Portanto, não dei muita atenção a essa falsa delicadeza, e não foi isso que me fez hesitar por algum tempo para me determinar a esta empresa. A dificuldade que eu via, e a extensão que eu acreditava que deveria ser dada a ela, causaram muito mais impressão em minha mente: mas o que mais me desviava era que um grande servo de Deus, que hoje faz tanto honra ao estado monástico, explicou-se de uma maneira tão nobre e tão elevada sobre este assunto, que é difícil ter sucesso depois dele: visto que se seguirmos seu sentimento, haverá poucas coisas a acrescentar: e se nos afastarmos dele, corremos um grande risco de não ser aprovados.
D. J. M.